Dois poemas de Stephen Crane (1871-1900). Tradução de Bruno M. Silva

No deserto
 
No deserto
Vi uma criatura, despida, bestial,
Que, aninhada sobre o solo,
Segurava nas mãos o seu coração
E dele comia.
Eu disse: “É bom, amigo?”
“É amargo — amargo,” ele respondeu;

“Mas eu gosto
Porque é amargo,
E porque é o meu coração.”


*

Eu vi um homem perseguindo o horizonte
 
Eu vi um homem perseguindo o horizonte;
Às voltas corriam e corriam.
Isto perturbou-me;
Eu aproximei-me do homem.
“É inútil,” disse-lhe,
“Nunca poderás —"
 
“Mentes,” gritou ele,
E continuou a correr.