“poema para o meu útero”, de Lucille Clifton (1936-2010), trad. Bruno M. Silva

tu         útero
tu foste paciente
como uma meia
enquanto eu guardei em ti
os meus filhos vivos e mortos
e agora
eles querem-te arrancar
como meias inúteis
para onde eu vou
para onde é que eu vou
velha menina
sem ti
útero
minha pegada ensanguentada
minha cozinha de estrogénio
meu saco negro de desejo
para onde posso eu ir
descalça
sem ti
para onde podes tu ir
sem mim
 
 
(a partir da edição The Collected Poems of Lucille Clifton 1965-2010, Boa Editions Ltd)
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