“Calma”, de Giuseppe Ungaretti (1888-1970), trad. Bruno M. Silva

As uvas estão maduras, o campo lavrado,

A colina desprende-se das nuvens.

Nos espelhos empoeirados do verão
A sombra caiu,

Entre dedos incertos
O seu brilho é evidente,
E distante.

Com as andorinhas voa
A última angústia.


(a partir da versão inglesa de Patrick Creagh, Selected Poems, Penguin)

“Silêncio”, de Giuseppe Ungaretti (1888-1970), trad. Bruno M. Silva

Mariano, 27 de Junho 1916

Conheço uma cidade
que todos os dias se enche de luz
e nesse instante tudo se encanta

Eu parti certa noite

No meu coração o estremecer das cigarras
continuou

Da branca
embarcação
eu vi
a minha cidade desaparecer
e deixar
um enlace de luzes
por um momento
no ar turvo
suspensas


(a partir da versão inglesa de Patrick Creagh, Selected Poems, Penguin)