“E devo então viver contigo, Dor”, de Edna St. Vincent Millay (1892-1950), trad. Bruno M. Silva

E devo então viver contigo, Dor,
Toda a minha vida? - partilhar o meu fogo, a minha cama,
Partilhar – pior de tudo! - a mesma cabeça? - 
E quando me alimento, alimentar-te a ti também?
Que assim seja, então, se é esta a minha verdade:
Jantemos, camarada, e que sejamos alimentadas;
Eu não posso morrer até que tu estejas morta,
E, contigo viva, posso viver a vida até ao fim.
Ainda assim feres-me, ingrata convidada,
Espiando os meus ofícios ardentes
Com olhar gelado; roubando-me as noites de descanso;
Tornando difíceis os trabalhos outrora simples.
Morrerás comigo: mas eu irei, no melhor dos casos,
Perdoar-te um pouco, por tudo o que me fizeste.
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